quarta-feira, 1 de setembro de 2021
quinta-feira, 26 de agosto de 2021
Revelando o Divino do seu esconderijo
Como parte da preparação espiritual que precede Rosh haShaná e Iom Kipur, tornou-se tradicional nos últimos dois séculos lermos o Salmo 27 durante os serviços religiosos da manhã e da noite. Ao longo das últimas semanas, temos feito isso no minián online da CIP, alternando entre leituras do Salmo completo e melodias que focam em alguns poucos versos. Uma destas melodias chama nossa atenção para o 8º versículo do Salmo, que afirma: “Lechá amar libí: bacshú Panai, et Panecha, Adonai, avakesh”; “Em Teu nome, meu coração diz: ‘Busquem Minha face!’ Adonai, eu busco a Tua face.” A primeira metade do verso seguinte aprofunda este pedido, quase como se fosse uma súplica:
“Al taster Panêchá mimeni”; “Não esconda a Tua face de mim.”
A ideia de Hester Panim, de que Deus passou a esconder Sua face e a agir no mundo de formas mais sutis, é bastante presente no Pensamento Judaico. Se na saída do Egito ou na Entrega da Torá, por exemplo, Deus Se fez presente de forma explícita e aparente, nas histórias de Purim e de Chanucá precisamos investigar a narrativa com cuidado para notar os sinais da presença Divina. Também nas nossas vidas, há momentos em que conseguimos sentir a presença próxima de Deus e outros nos quais precisamos aguçar nossos sentidos, olhar com cuidado e atenção para buscar a Presença nos detalhes.
A parashá desta semana apresenta uma lista de bênçãos e maldições que recairão sobre as pessoas, dependendo do seu comportamento. Serão amaldiçoados na sua saúde e na sua prosperidade financeira, por exemplo, quem subverter os direitos do estrangeiro, do órfão e da viúva ou quem encaminhar um cego na direção errada. Quem por outro lado, cumprir as mitsvót, receberá imensa prosperidade e estará sempre no topo. Uma lógica de Justiça, na qual os resultados auferidos estão diretamente relacionados à conduta ética, permeia a promessa Divina.
Nossa observação do mundo, no entanto, frequentemente não se adequa a esta clara relação entre a forma ética com que as pessoas conduzem suas vidas e os resultados que recebem. Todos nós conhecemos exemplos de pessoas extremamente boas, verdadeiros tsadikim, que no entanto encontram imensas dificuldades para pagar todas as contas ao final do mês ou têm dificuldades de saúde. E também sabemos de histórias de pessoas que, apesar de não pautarem seu comportamento de acordo com os mesmos padrões éticos, colhem sucesso e reconhecimento. Mais do que outros aspectos de Hester Panim, este se revela e nos incomoda permanentemente. Para muitos, esta falta de justiça é, em si mesma, motivação de deixarem a busca por um caminho ético.
Existe uma outra abordagem possível. Para além do Deus externo, podemos focar na fagulha Divina que reside em cada um de nós. Com a chegada de Rosh haShaná e de Iom Kipur, ao reconhecermos nossas vulnerabilidade e nos encontrarmos com nossa própria mortalidade, é esta centelha que nos motiva a seguir o caminho correto, da empatia, da justiça, da verdade e da inclusão. Apesar dos nossos esforços, é possível que a inscrição no Livro da Vida ou no Livro do Sucesso nem sempre dependa exclusivamente da nossa conduta e que muita coisa dependa apenas do acaso, mas o que se abre à nossa frente a cada novo ciclo é a possibilidade de escrever a forma como viveremos nossas vidas e garantir que, ao seu final, tenhamos orgulho dos caminhos que escolhemos. Assim como a fagulha divina é interna, a recompensa pela honestidade na conduta das nossas vidas não é externa, ela está na própria forma como vivemos.
Que, frente a um mundo que ainda não é inteiramente justo ou ético e no qual bençãos e maldições muitas vezes se confundem, continuemos buscando a face de Deus e revelando o Divino de seus lugares escondidos.
Shabat Shalom!
domingo, 22 de agosto de 2021
sexta-feira, 20 de agosto de 2021
Dvar Torá: E quando a Torá determina um genocídio? (CIP)
Lembre-se do que Amalek fez com você em sua jornada, depois que você deixou o Egito - como, sem se deixar abater pelo temor de Deus, eles te surpreenderam na marcha, quando você estava faminto e cansado, e mataram todos os retardatários em sua retaguarda. Portanto, quando ה׳ teu Deus te der a segurança de todos os teus inimigos ao teu redor, na terra que ה׳ teu Deus te der por herança, você apagará a memória de Amalek de debaixo do céu. Não se esqueça! [5]
1- Se lembrar do que Amalek nos faz na saída de Mitsrayim;2- Não esquecer o que Amalek nos fez;3- Erradicar a descendência de Amalek do mundo.
terça-feira, 17 de agosto de 2021
terça-feira, 3 de agosto de 2021
Podcast 5.8 - Episódio 24: Tradições Judaicas do Futuro: Comida Judaica
(originalmente publicado em http://5ponto8.fireside.fm/24)
“Na realidade de hoje, a maioria das famílias não armazena mais uma carpa viva na banheira antes dos feriados, nem passa o dia todo preparando alimentos que exigem mão-de-obra intensiva. Sob a bandeira da conveniência, as últimas décadas viram tradições alimentares preciosas enfiadas em potes e negligenciadas, incluindo gefiltefish.
O gefiltefish já foi uma forma inovadora de esticar até onde um peixe poderia ir para alimentar uma família, um poderoso símbolo do campesinato europeu. A variedade enlatada, por outro lado, é um lembrete pungente de quanto nos afastamos dos velhos tempos, tanto que gefiltefish se tornou sinônimo de desatualizado, cinza, antiquado e Velho Mundo.
Mas não precisamos aceitar a extinção desta tradição ou dos sabores robustos, coloridos e frescos da cozinha Ashkenazi. Sabemos que gefiltefish - como borscht e kvass e tantos outros alimentos do Velho Mundo - são excelentes quando feitos da maneira certa. Tudo se resume ao básico de qualidade, frescor, cuidado e criatividade.
Gefiltefish não é apenas sobre sua bubbe. Não se trata de kitsch ou de uma revolução gastronômica. [Nosso objetivo] é recuperar nossos alimentos consagrados pelo tempo e se preocupar com seu sabor e como são obtidos. É servir um prato com orgulho, não simplesmente por deferência a convenções vazias. Trata-se de levar as tradições alimentares a sério e recuperar a glória da comida Ashkenazi - o que ela foi e o que pode ser.”
Esse é o texto do “Manifesto Gefilte”, que abre o livro de mesmo título de autoria de Jeffrey Yoskowitz e Liz Alpern, no qual os autores buscam novas receitas para comidas judaicas do Velho Mundo.
Em uma época em que tantas práticas judaicas estão sendo revisitadas, o que está acontecendo com a nossa comida, tanto do ponto de vista da inovações culinárias e nas receitas quanto das mudanças nas regras de cashrut?
Nosssos convidados de hoje são chef Monica Dajcz e o rabino Natan Freller.
Referências:
- Jeffrey Yoskowitz e Liz Alpern, The Gefilte Manifesto: New Recipes for Old World Jewish Foods - https://www.amazon.com.br/Gefilte-Manifesto-Recipes-Jewish-English-ebook/dp/B01C2T1WU8
Dicas Culturais:
- Han Kang, A Vegetariana - https://www3.livrariacultura.com.br/a-vegetariana-2011548979/p
- Dan Greenburg, Manual da Mãe Judia - https://www3.livrariacultura.com.br/manual-da-mae-judia-11738558/p
- Filme "A 100 Passos de Um Sonho" - https://www.clarovideo.com/brasil/vcard/homeuser/A-100-Passos-de-Um-Sonho/648106
- Buddha Bowl
- Perfis de culinária e culinária judaica no Instagram
- Filme "Temple Grandin" - https://www.hbomax.com/br/pt/feature/urn:hbo:feature:GVU4KuQQ3K4NJjhsJAbXd?countryRedirect=1
- Podcast Café da Manhã, episódio sobre mudanças nas práticas alimentares dos brasileiros - https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2021/07/a-falta-que-o-arroz-e-feijao-faz-no-prato-dos-brasileiros-ouca-podcast.shtml
- Mary L. Zamore (ed.), _The Sacred Table: Creating a Jewish Food Ethic _- https://smile.amazon.com/Sacred-Table-Creating-Jewish-Ethic-ebook/dp/B006GWSKI0/
- Tina Wasserman, Entrée to Judaism: A Culinary Exploration of the Jewish Diaspora - https://www.amazon.com.br/Entrée-Judaism-English-Tina-Wasserman-ebook/dp/B0127K5M5S/
Com Rogério Cukierman e Laura Trachtenberg Hauser.
Créditos da Música de Abertura: Lechá Dodi, da liturgia tradicional de Shabat | Melodia: Craig Taubman | Clarinete: Alexandre F. Travassos | Piano: Tânia F. Travassos.
Edição: Misa Obara