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sexta-feira, 24 de março de 2023

Dvar Torá: Justiça e democracia em Israel (CIP)


Na semana passada, eu estava dando uma aula sobre as novas tradições de Pessach, que é uma dos feriados judaicos mais antigos, dos que ainda são muito celebrados entre as famílias e nos quais, nas últimas décadas, nós encontramos mais inovação. Eu coleciono hagadot com propostas inovadoras e eu trouxe algumas pra mostrar para os alunos: uma hagadá surpreendentemente interessante e profunda que usa como pano de fundo Harry Potter e sua turma, uma hagadá como uma teologia linda escrita pelo poetisa Marcia Falk, algumas hagadot de sedarim de mulheres, uma hagadá que busca o diálogo inter-geracional, uma escrita por e para mulheres vítimas de violência doméstica, uma que conversa com os temas do movimento sindical, com questões dos refugiados contemporâneos. Uma hagadá linda e difícil, escrita por sobreviventes da Shoá para seu primeiro seder de Pessach depois de libertados dos campos de extermínio, ainda em um campo para refugiados em Munique. Lemos juntos um texto escrito por Arthur Waskow, um rabino vinculado ao movimento Renewal que escreveu sobre sua experiência comemorando Pessach apenas alguns dias depois do assassinato de Martin Luther King, enquanto o caos imperava nas ruas de Washington, onde ele vivia — toque de recolher, tanques nas ruas e centenas de manifestantes negros presos. No ônibus, Waskow ia planejando os detalhes do sêder, o momento do calendário judaico em que mais nos identificamos com os oprimidos. De repente, ele começou a cantarolar no ônibus: “Este é o exército do faraó e estou voltando para casa para fazer o sêder”. Naquele momento, ele tomou uma decisão importante na sua vida: “De novo, não! Nunca mais uma bolha no tempo. Nunca mais, nunca mais, uma recitação ritual antes da vida real, da refeição real, da conversa real.” [1]

Esse é o dilema da vida religiosa — quando permitir que a recitação ritual tome o lugar da vida real, da conversa real e quando não. Muitas vezes, quando eu conduzo o serviço de Shacharit, eu digo que há toda uma sessão introdutória, chamada Psukei deZimrá, dedicada a permitir que esqueçamos dos problemas que nos acompanharam até aquele momento, de tal forma que possamos verdadeiramente nos dedicarmos à nossa vida interior. Uma vida espiritual equilibrada é uma necessidade de quem quer poder transformar objetivamente nossa realidade social: precisamos de força interna para lidarmos com as questões de todo dia e se não dedicarmos tempo a construí-la, também não temos como agir no mundo. E, ao mesmo tempo, temos que reconhecer que há situações frente às quais focar exclusivamente na nossa realidade interior pode configurar uma heresia.

Algumas semanas atrás, em Shabat Shirá, quando lemos sobre a saída dos hebreus de Mitsrayim, o texto nos contava que quando o povo reclamava com Moshé por uma intervenção Divina, quando os soldados do Faraó os perseguiam de um lado e o Mar, ainda fechado, estava do outro, a resposta de Deus foi 

 מַה־תִּצְעַק אֵלָי?! דַּבֵּר אֶל־בְּנֵי־יִשְׂרָאֵל וְיִסָּעוּ!! 

Por que você grita comigo?! 

Fale com os israelitas e que eles sigam em frente!! [2]

Há momentos em que, mais que reza, precisamos de ação ou pelo menos de solidariedade com quem age.

A sociedade israelense está em ebulição, como estava Washington naquele abril de 1968 seguindo o assassinato de Martin Luther King Jr. Há semanas que centenas de milhares de manifestantes têm saído às ruas de todo o país em protestos contra uma mudança tão radical no seus sistema judicial que os analistas dizem que comprometeria o caráter democrático do Estado de Israel. Uma explicação bastante superficial é que há dois pontos principais no projeto que tem avançado em velocidade recorde na Knesset: um ponto garante que a coalisão do governo indique a maioria dos membros da Suprema Corte. Outro ponto estabelece que a Knesset passe a poder derrubar decisões da Suprema Corte pela maioria simples de seus membros. Lembrem-se que uma das funções de cortes constitucionais, como é a Suprema Corte de Israel, é defender os direitos das minorias contra leis que infrinjam suas garantias legais. Da forma como a reforma judicial está proposta, direitos estabelecidos poderiam ser revogados com a anuência da coalisão da vez.

No mundo todo, comunidades judaicas têm se mobilizado, buscando reverter a proposta encaminhada ou desacelerar seu processo de aprovação, possibilitando que, através do diálogo entre os grupos políticos, uma proposta de consenso social possa ser formulada. Rabinos de todos os movimentos tem se manifestado pedindo ao governo de Israel que reconsidere sua proposta. A JFNA, a entidade guarda-chuva das Federações Judaicas nos Estados Unidos, emitiu uma carta aberta endereçada tanto ao primeiro ministro Biniamin Netaniahu quanto ao líder da Oposição, Yair Lapid, apontando para o impacto que uma mudança deste tipo teria na relação entre Israel e a comunidade judaica norte-americana [3]. Eles pediam, sem sucesso, que fosse adotada, no lugar do projeto encaminhado pelo governo, a proposta de  Itschak Herzog, o presidente de Israel [4].

Segmentos da comunidade judaica brasileira também têm se mobilizado em solidariedade aos manifestantes que pedem a proteção ao caráter democrática de Israel. Em uma carta endereçada ao governo israelense e assinada inicialmente por um grupo de entidades judaicas, incluindo a CIP [5], reafirmamos nosso Sionismo e compromisso com Israel como um Estado Judaico e Democrático e, reconhecemos o impacto que acontecimentos em Israel projetam sobre nós. Ao final do documento, “manifestamos nosso apoio e solidariedade aos israelenses que lutam pela manutenção da democracia, e conclamamos a população judaica brasileira para que faça o mesmo, repudiando qualquer ameaça ao Estado Democrático de Direito no país.”

Nesta semana começamos Vaicrá, o terceiro livro da Torá. Nesta primeira parashá, o texto trata de diversos tipos de sacrifícios, incluindo a “chatat” e o “asham”, ofertas para casos em que as pessoas deixavam de cumprir as instruções da Torá por negligência, descuido ou má fé [6]. Uma parte importante dessas regras dizia respeito à preservação da integridade do sistema judicial, garantindo que não houvessem testemunhos falsos nem omissão em testemunhos que poderiam inocentar um suspeito. 

A decisão sobre sua estrutura judicial pertence apenas aos israelenses, mas suas implicações claramente nos afetam também. Se informe sobre o processo em curso, procure formar a sua própria opinião e, se achar apropriado, se manifeste e ajude a defender a Democracia israelense!

Shabat Shalom!


 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Dvar Torá: Criatividade sem narcisismo; tradição sem imobilismo (CIP)


Sabe quando você é criança e faz o desenho clássico: uma casa com chaminé, uma árvore do lado de fora, uma cerca baixa, alguns adultos e algumas crianças. Quando você fazia desenhos assim, tinha uma casa específica em mente? Não era exatamente nessa época, mas em algum momento da minha vida eu passei a ter uma casa dos meus sonhos, que existe na realidade. Ela fica na Philadelphia e foi desenhada por Frank Lloyd Wright, um dos maiores arquitetos dos Estados Unidos. Sua obra mais famosa, provavelmente, é o museu Guggenheim em Nova York, mas o projeto pelo qual eu me apaixonei tantos anos atrás se chama Fallingwater e é uma residência construída sobre uma cachoeira [1]. O projeto, de 1935, foi eleito em 1991 pelo Instituto Americano de Arquitetos como o melhor trabalho de arquitetura de todos os tempos nos EUA. Eu nunca foi visitar Fallingwater mas na primeira vez que eu fui a Chicago, eu fui visitar alguns bairros que concentram casas cujos projetos eram assinados por Wright. Nessas casas de classe média, me impressionava como o arquiteto não tinha se limitado a desenhar o projeto da casa, mas tinha também desenhado os móveis, os vitrais e vários outros detalhes que tornavam o projeto muito mais interessante e rico. Cada projeto era autenticamente único, dotado de sua própria personalidade.

Fiquei lembrando destas visitas quando li a parashá desta semana. Aqui, Deus começa a instruir Moshé sobre a construção do Mishcán — o santuário portátil que os hebreus usaram antes que o Templo fosse construído em Jerusalém, incluindo os 40 anos durante os quais eles vagaram pelo deserto.

As instruções tem seus aspectos gerais, que dão forma ao projeto e suas dimensões totais de 5m x 15m e uma infinidade de detalhes. Há instruções para os materiais que darão estrutura e aparência ao projeto, a forma de construção da menorá e onde ela deveria ser colocada no projeto, a localização do kodesh ha-kodashim, o lugar mais sagrado daquela construção, onde ficava depositada a Arca da Aliança. Tem instruções para os dois querubins que ficarão sobre a arca, um olhando para o outro e para a cortina que separa o espaço mais sagrado do resto da construção.

Alguns autores destacam que alguns elementos da construção do Mishcán continuam presentes na arquitetura de sinagogas contemporâneas, como esta sinagoga Etz Chayim da CIP. A localização da Bimá e do Arón haCódesh, por exemplo, remontam a onde ficavam o Kodesh haKodashim e a Arca da Aliança. Assim como no projeto original, temos objetos rituais e simbólicos, como a Menorá, que temos aqui na CIP.

E, por outro lado, podemos ver uma série de diferenças também. Até mesmo com relação à menorá, as instruções que recebemos na parashá desta semana usam diversas referências da árvore da amendoeira, seus copos, cálices e pétalas — muito pouco a ver com leitura moderna da menorá que temos aqui na sinagoga. 

O diálogo entre a tradição e a inovação tem sido marcas registradas da vivência judaica, incluindo no que tange à arquitetura de nossas sinagogas mas será que há uma combinação ideal entre esses elementos?

Há alguns meses o Ale Edelstein me deu um livro chamado “O Desaparecimento dos Rituais” do filósofo coreano Byung-Chul Han. Eu demorei um pouco para começar a lê-lo, mas ele tem tido um impacto grande na forma como eu penso o equilíbrio entre tradição e inovação. Han é crítico de diversas características da nossa época e contam que ele se recusa a usar smart phones e só escuta música analógica [2]. Além disso, ele critica o narcisismo da nossa presença nas mídias sociais e que transborda também para aspectos da nossa vivência do mundo concreto.

Segundo ele, a força dos rituais no passado vinha do fato de que todos seguiam o mesmo roteiro. Quando alguém queria se casar, queria  ser participante ativo de um processo que conhecia, pro ter sido participante passivo muitas vezes antes. A repetição do roteiro lhe conferia força simbólica e alimentava uma comunidade na qual estes símbolos estavam imbuídos de significado. Em nossos dias, no entanto, “repetição” tornou-se uma palavra proibida, sinônimo de coisa chata e despida de significado. Quando nos casamos, procuramos uma cerimônia que seja única, que tenha personalidade, que reflita exatamente quem nós somos. Na busca narcísica pelo significado individualizado, abrimos mão dos símbolos compartilhados. Nas palavras de Han, passamos a criar uma comunicação sem comunidade [3] — na qual os símbolos já não têm mais força simbólica ou significado.

Quem me conhece saberá que esta crítica me pegou em cheio. Quando eu me casei, e lá se vão pouco mais de 20 anos, procuramos desenhar uma cerimônias que, de fato, refletisse quem nós éramos, ainda que neste processo abríssemos mão de práticas mais tradicionais. Na minha vida judaica pessoal e no meu rabinato, eu sempre procurei desenvolver caminhos nutridos por uma visão judaica de mundo e que fossem significativos para aqueles que o percorrem, mesmo que eles não fossem propriamente tradicionais. Depois de ler “O Desaparecimento dos Rituais”, eu tenho me perguntando se esta postura não tem alimentado condutas corrosivas em que a comunidade acaba se decompondo no processo de  abrir espaço para as manifestações do ego de seus membros. Qual o espaço do comum nestas vivências?

Parece que a pandemia acelerou estes processos de desestruturação comunitária, ao permitir que a participação nos rituais aconteça com um mínimo de comprometimento ou até sem comprometimento algum: de camisola ou pijama, cozinhando, analisando um orçamento; a câmera desligada, a atenção só tangencialmente vinculada ao que está acontecendo.

E, de outro lado, eu tenho visto uma explosão de criatividade na vida judaica, incorporando a participação ativa de pessoas que, de outra forma não poderiam ter este vínculo comunitário; desenvolvendo novos rituais profundamente significativos na vida de comunidades inteiras; permitindo que segmentos historicamente oprimidos e cujas vozes e perspectivas não tinham até agora sido incluídas nas nossas bibliotecas e práticas rituais possam finalmente se sentirem ouvidas, enxergadas, apreciadas.

Frank Lloyd Wright foi um gênio da arquitetura. Suas obras transmitiam, simultaneamente, caráter e o conforto do conhecido. Diferente de outros mestres cujos projetos são famosamente inapropriados para quem vive neles, as obras de Wright parecem combinar na medida certa inovação e aconchego.

Que possamos também encontrar o equilíbrio em nossas vidas religiosas, mantendo vínculos profundos com a tradição ao mesmo tempo em que não tenhamos medo de inovar; que a experiência comunitária não seja decomposta pelas manifestações narcísicas nem que o peso do coletivo impeça que cada um escute também sua própria voz no grande coral comunitário.

Shabat Shalom!

 

[1] https://en.wikipedia.org/wiki/Fallingwater

[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Byung-Chul_Han

[3] Byung-Chul Han, O desaparecimento dos rituais:Uma topologia do presente, (2019), p. 9


terça-feira, 20 de julho de 2021

Podcast 5.8 - Episódio 23: Tradições Judaicas do Futuro: Telejudaísmo

(originalmente publicado em http://5ponto8.fireside.fm/23)

O Brasil é um dos países mais conectados nas redes sociais. Segundo alguns estudos, cerca de 88% da população brasileira está conectada em pelo menos uma rede. E, como dá pra imaginar, isso se intensificou ainda mais com a pandemia em 2020, quando tivemos a necessidade de transformar vivências físicas em digitais com urgência. Isso valeu também para os serviços e ritos sinagogais. Afinal, como vários dos nossos convidados colocaram: somos parte do mundo, de uma realidade maior. E, se a experiência digital para sinagogas tem sido bem sucedida no sentido de alcançar um público maior que não poderia se conectar de outra maneira. algumas questões permanecem: como fica a vida em comunidade em meio ao universo digital? Será que dá pra formar espaços de convivência online?
Quanto as telas conseguem de fato captar do "sagrado"dos rituais? O que o digital muda efetivamente nos rituais?

O assunto deste episódio sobre Tradições Judaicas do Futuro é a experiência online do judaísmo e temos a honra de receber para esta conversa ** Rodrigo Baumworcel** e o rabino Michel Schlesinger.

Dicas Culturais:

Com Rogério Cukierman e Laura Trachtenberg Hauser.
Créditos da Música de Abertura: Lechá Dodi, da liturgia tradicional de Shabat | Melodia: Craig Taubman | Clarinete: Alexandre F. Travassos | Piano: Tânia F. Travassos.
Edição: Misa Obara

terça-feira, 6 de julho de 2021

Podcast 5.8 - Episódio 22: Tradições Judaicas do Futuro: Micve

(originalmente publicado em http://5ponto8.fireside.fm/22)

"Vinte e cinco anos atrás, como uma jovem ortodoxa, comecei com estas palavras um artigo que se tornou bastante influente: "Todas as coisas morrem e renascem continuamente". Eu estava errada. Às vezes, não podemos nos repetir. Nós podemos apenas nos transformar. No entanto, nossa responsabilidade moral por aquele eu anterior e seus atos perduram. Vinte e cinco anos depois, como teóloga reformista feminista, continuo diante de um ensaio que escrevi, um ensaio que continua a ser citado, mencionado e reproduzido, emitindo opiniões e prescrevendo ações que agora não posso em sã consciência endossar. Meu ensaio se chamava "Tum'á e Tahará: fins e começos". Tratava das antigas leis de pureza, cuja principal forma sobrevivente é o poderoso conjunto de leis e costumes relativos à menstruação feminina. Como essa legislação rege o comportamento e as atitudes sexuais e sociais de maneira tão difusa, pode-se dizer que a impureza menstrual é constitutiva da personalidade religiosa das mulheres no Judaísmo Ortodoxo. Eu me comprometi a justificar essa legislação construindo em torno dela uma teologia feminista da pureza.

Ao rever meu artigo, tive que me perguntar: Qual é a responsabilidade de uma teóloga quando ela não acredita mais no que ensinou aos outros como Torá? Simplesmente retratar-se é insuficiente, porque teólogos não são apenas teóricos. Eles exemplificam maneiras de viver os compromissos judaicos com integridade. O que devo àqueles que leram e foram persuadidos por minha teologia da pureza não é apenas delinear abstratamente minhas conclusões revisadas, mas contar uma história ricamente detalhada sobre um processo particular de ruptura e transformação em um tempo e lugar específicos."

Assim, Rachel Adler começa seu artigo In Your Blood Live: Re-Visions of a Theology of Purity, no qual revisitou o tema da pureza e impureza rituais e do uso da micve neste sentido depois de ter escrito sobre o assunto 25 anos antes. Ao longo deste período, Rachel Adler deixou de ser ortodoxa e se transformou em uma influente teóloga feminista. É hoje a rabina Rachel Adler. Da mesma forma que a sua perspectiva, também o nosso entendimento sobre micvaot, sobre pureza e impureza rituais, em particular no que tange à menstruação se transformaram profundamente. 

Hoje, começamos uma nova série do podcast, Tradições Judaicas do Futuro, na qual vamos conversar sobre práticas judaicas revisitadas, recontextualizadas e que ganharam nova relevância para o futuro do judaísmo. 

A convidada deste episódio, no qual vamos converser sobre micve, é a rabina Tati Schagas.

Referências:

  • “Tum’ah and Taharah: Ends and Beginnings.” The Jewish Catalogue, edited by Michael Strassfeld, Sharon Strassfeld, and Richard Siegal. New York: 1972. Reprinted in The Jewish Woman, edited by Elizabeth Koltun. New York: Schocken Books, 1976. https://jwa.org/sites/jwa.org/files/jwa001d.pdf
  • “In Your Blood, Live: Re-visions of a Theology of Purity.” Tikkun 8:1 (January/February1993), Reprinted in Lifecycles 2, edited by Debra Orenstein and Jane Litman. Woodstock, VT: Jewish Lights, 1997.

Dicas Culturais:

Com Rogério Cukierman e Laura Trachtenberg Hauser.
Créditos da Música de Abertura: Lechá Dodi, da liturgia tradicional de Shabat | Melodia: Craig Taubman | Clarinete: Alexandre F. Travassos | Piano: Tânia F. Travassos.
Edição: Misa Obara

domingo, 26 de junho de 2016

Cavaná para o Aleinu


Viver em Democracia, 
um sistema em que nosso destino não é decidido apenas pelas nossas vontades,
mas pelo consenso formado em diálogo com as vontades dos nossos co-cidadãos,
implica reconhecer que todos os seres humanos têm igual valor.

Se olhar no espelho e encontrar a face do outro:
do desabrigado, do excluído, da vítima;
mas também do poderoso, daquele que exclui, do opressor.

Para que possamos alcançá-la – a tal democracia –
precisamos, cada um de nós,
reconhecer as intolerâncias e os radicalismos que carregamos
em nossas atitudes,
em nossos corações,
em nossos textos sagrados,
em nossas práticas religiosas.

Aleinu, é nosso dever
afirmar que fomos todos criados juntos
e colocados juntos sobre esta terra
que a nossa parte é a mesma que a de todos
e nossos destinos intrinsicamente interligados.

Somos todos expressões da imagem Divina –
Ein Od não há nada além!