quinta-feira, 17 de março de 2016

Medo no horizonte

(Postado originalmente no facebook)

Confesso que eu sou um cara medroso. Tenho medo de cenas de novela e chego a sair da sala quando há uma seqüência mais tensa em um filme.
Mas o medo que eu estou sentindo hoje é de uma natureza diferente. 
Eu me lembro quando a gente assistia o filme "A Onda" para entender como a sociedade alemã tinha se deixado levar pela ideologia do ódio que Hitler lhe trazia. Infelizmente, já não precisamos de filme algum - é só olhar pela janela (ou para a janela aberta no computador) e ver o que o ódio pode fazer com uma sociedade.
Quando as pessoas dizem que têm "nojo" de alguém por que se identifica com uma ideologia ou um partido....
Quando as pessoas publicam listas de intelectuais adeptos desta ideologia para boicotá-los....
Quando as garantias do estado de direito são canceladas em função do "bem maior"....
Quando as pessoas ignoram os crimes praticados por aqueles com quem se alinham por que "o que os outros fazem é muito pior"....
Quando o ódio ao outro é prática aceitável e aceitada em manifestações públicas que atraem centenas de milhares de pessoas.....
Quando todo o mal do país - o mal absoluto que na tradição judaica é conhecido como Amalek - é identificado com um partido político e seus apoiadores....
.... temos motivo para tremer de medo. 
Medo pelo fato de que nos aproximamos a passos largos do dia em que um tipo demagogo, intolerante, fascistóide tomará conta da massa de manobra em que nossa sociedade está se tornando.
Medo por que a história está cheia de exemplos do que acontece quando a raiva é incentivada por estes aproveitadores e direcionada contra um grupo.
Medo por que, apesar de todas as óbvias diferenças, pela primeira vez na vida me sinto em Berlin em 1932, às vésperas de tudo mudar pra pior.

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